Crime

Dono de bar admite agressão a pintor em São Gonçalo

Acusado disse à polícia que o confundiu com ladrão

Caso foi registrado na delegacia de Neves (73ª DP)
Caso foi registrado na delegacia de Neves (73ª DP) |  Foto: Marcelo Tavares
  

O homem acusado de agredir o pintor Welington Conceição da Silva confessou o crime em um depoimento prestado nesta semana na 73ª DP (Neves). Ele teria afirmando que achava que Wellington teria furtado um estabelecimento próximo e, por isso, o teria agredido. Ainda em sua fala, o acusado afirmou que teve a ajuda de mais dois homens que estavam em uma moto. 

Uma mulher próxima teria gritado por socorro na rua em que fica o bar. Ao sair de seu estabelecimento, ele teria visto Welington correndo e pulando em casas da região. Por isso, ele acreditou que ele poderia ser o responsável por furtos que ocorrem no local. 

Após as agressões, o homem teria pedido desculpas à vítima ao entender que ele não era ladrão.

O acusado ainda admitiu que sente remorso pelo ocorrido e que não agrediu Welington por causa de sua cor, indo contra as alegações de que o crime foi motivado por racismo. 

O pintor disse que após as agressões o dono do bar procurou pessoas próximas a ele para oferecer ajuda. 

Welington levou socos e chutes no rosto ao ser confundido com um ladrão pelo dono do estabelecimento
Welington levou socos e chutes no rosto ao ser confundido com um ladrão pelo dono do estabelecimento |  Foto: Marcelo Tavares
 

"Como eles pegam uma pessoa e fazem isso? É errado. Fiquei sabendo que o dono do bar procurou terceiros falando que era para eu ir lá para pegar dinheiro para comprar remédios. O dinheiro dele não vai limpar o que eles fizeram. Quero que eles paguem na Justiça", contou.

Ao ENFOCO, Welington disse que, mesmo após o depoimento do acusado, seu sentimento ainda é de revolta.

“Tem muita coisa que ainda não me recordo. Mas me chamaram de ladrão, falaram que pulei casa de pessoas, o que é mentira, falaram que eu tinha faca, também não tinha. E eu falando que eles podiam me matar, mas estavam errados, que eu não roubei ninguém”, disse. O acusado também foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos.

Após o crime, Welington teria seguido para casa e durante o dia buscou atendimento no Pronto-Socorro de São Gonçalo. No momento do ocorrido, ele afirmou que não recebeu ajuda de ninguém. 

Procurada, a advogada Rejane Ferreira Moço, que está na defesa de Wellington, afirmou que ainda não teve acesso ao conteúdo do depoimento do acusado, “contudo, ao assumir que agrediu Wellington, isto somente reforça a forma como o negro é enxergado no país, em que supostamente não haveria nada demais em agredir um negro como se estivesse matando uma barata. Lamentável”, afirmou. 

O caso segue em investigação pela Polícia Civil e novas pessoas devem ser ouvidas.

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